quinta-feira, 5 de maio de 2011

Presente de valor inestimável


No começo do ano, postei aqui em meu blog um Roteiro para ler Dostoiévski, sugerindo uma sequência de leitura para que novos leitores conheçam a obra do grande mestre russo. O post obteve vários comentários, que agregaram muito valor ao roteiro, e, além dessa repercussão, recebi um email da minha querida amiga e concunhada Fernanda, que mora em Recife. Ela me falou um tanto enigmaticamente de uma coleção com as obras completas do Dostoiévski, que ela e a sua irmã Lu, a minha cunhada, ganharam de herança do pai. Nesse email, perguntou-me se eu estava interessado em algum dos volumes... Interessado? Eu? Há uma porção de contos e novelas do Dostoiévski que só podem ser encontrados, em português, nas Obras Completas, da Editora José Olympio, que conta com algumas traduções (indiretas) da Rachel de Queiroz e alguns prefácios do Otto Maria Carpeaux. É claro que eu estava interessado. No entanto, não tive coragem de escolher um volume. Em primeiro lugar porque não conseguia me decidir qual. Queria muito ler O Adolescente, um importante romance da fase madura do escritor, que recentemente foi lançado pela Editora Companhia das Letras, porém numa tradução não-integral, para a minha grande decepção. Também desejava muito ler histórias como O Sósia, A Mulher Alheia e O Homem Debaixo da Cama, O Sonho do Titio, Polzunkov, O Heroizinho, O Ladrão Honrado e A Árvore de Natal e Um Casamento, que estão distribuídos em diferentes tomos. Além dessa incapacidade de me decidir, achava inadequado desfalcar a coleção, sobretudo por se tratar de uma herança. Resultado: me dei bem! No começo de Abril, a Fernanda veio para São Paulo a fim de assistir ao show do U2, passando pelo Rio de Janeiro, e durante toda essa viagem ela carregou os 10 pesados volumes das Obras Completas de Dostoiévski numa caixa enorme. Que linda surpresa! Acabo de ler o prefácio de O Adolescente, de Ledo Ivo, que diz: “É como se o leitor, tornado numeroso, assistisse ao desfile de suas imagens potenciais. Todas as máscaras escondidas nos desvãos da psicologia se propõem ao seu rosto. Epopeia íntima, a obra de Dostoiévski se funda no conhecimento do homem”. Graças a este presente, tornei-me mais numeroso e ganhei acesso a novas imagens escondidas. Daqui a oito ou nove anos, quando eu terminar de ler e reler a sua obra, quem sabe não venha a ser um verdadeiro especialista em Dostoiévski? Fica aqui o meu profundo agradecimento à Fernanda. É bom ter amigos!

8 comentários:

  1. Que inveja... Boa leitura cara, valeu pelo convite!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Pablo,

    Não preciso nem dizer a estima que lhe tenho, além do carinho e admiração, um amigo tão querido que é mesmo uma pena estar distante...
    Saiba que sempre irei torcer por você! Tenho a certeza de que essa coleção está em "ótimas mãos" que vc dará o verdadeiro valor que ela merece.
    Presente é aquele que se dá de coração, e só de ver o seu entusiasmo fico imensamente feliz! Isso para mim também é INESTIMÁVEL...

    bjsss,

    FERNANDA.

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  4. aaai que inveja(boa ta)
    Isso para mim tambem e INESTIMAVEL [2]
    Beeijos !

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  5. Nossa, isso é um presente dos deuses, tenho inveja, sim!
    Pablo, você tem uma mina de ouro nas mãos, e o mais interessante que este premio só se torna ouro nas mãos certas, quer dizer, tem que ser lido para existir. Este é o grande poder dos livros, só servem aos que os lêem.
    Gostaria muito de ler as traduções de Raquel de Queiroz, pois ela uma autodidata, sem nenhum preparo para traduções, como todos em sua época.
    Sempre que você ler algum deles, vai postando aqui suas impressões para a gente. Parabéns!!!

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  6. É um presente e tanto poder ler e reler Dostoiévski. Eu conheci o autor russo quando frequentava a Biblioteca da Universidade Mackenzie, onde cursei Letras. Passei a ler um livro após o outro e não queria saber de outro autor. Naquela época (98-2001) só podíamos contar com as versões de Rachel de Queirós, e de outros autores, é verdade. Só depois a Editora 34 passou a traduzir os clássicos direto do russo. O trabalho de graduação que fiz tratava do romance O Idiota, eu inicialmente queria falar sobre a adaptação feita pelo Kurosawa do mesmo livro para o cinema japonês. Uma obra prima, mas depois o trabalho acabou traçando paralelo com o filme Rocco e seus irmãos, de Luchino Visconti. O diretor italiano aproveitou a semelhança que havia entre o roteiro do filme e a história dos protagonistas de O Idiota (irmãos de sangue no caso italiano/amigos fraternais e ao mesmo tempo rivais). Dostoiévski não fascina apenas Kurosawa, Woody Allen e Visconti. Sobre a coleção que você mencionou eu achei O Adolescente em um sebo aqui da cidade onde eu moro. É uma história maravilhosa. Aliás não sei dizer qual romance de Dostoiévski é meu favorito. Amo todas história e sempre sinto vontade de ler mais, a tradução finalmente parece que está engatinhando rumo à perfeição (isto é, a tradução da obra completa do mestre de Petersburgo). Abraços e parabéns pelo blog.

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  7. Eu também herdei de meu pai essa coleção de Dostoievski e ela tem, de fato, um valor inestimável. Estou, agora, relendo alguns desses livros, embora em volumes de outras coleções, pois meu filho se apossou da herança. Reli Crime e Castigo (ed. Abril) e hoje, iniciarie a leitura de Os Irmãos Karamávoz (ed. 34). Fiz até uma resenha de Memórias do Subsolo, que tiver interesse dê uma espiadinha no link abaixo:
    http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2416655

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  8. Ainda não li nenhuma obra do Autor, mas estou me interessando bastante e estou pensando em comprar as edições lançadas pela Editora 34, são 14 livros, vou ver se no fim do ano compro, e esperar que ela lance mais.

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