segunda-feira, 28 de março de 2011

Lançamento: The Unreal Shore, de Ewerton Batista Duarte

Estou muito curioso para ler este livro. O Ewerton é um autor brasileiro, de São José dos Campos, que escreve em inglês. Ele morou nos EUA e já ganhou prêmios por lá. Vale a pena ir ao lançamento. O autor também estará na Bienal de São José dos Campos, no estande da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Resenha: Sem Contos Longos, de Wilson Gorj

Há algo de irresistível na micronarrativa, algo que a distingue das outras formas literárias. Muitas pessoas a associam ao ritmo de vida pós-moderno e às novas tecnologias, isso porque alguns microcontistas estão usando o twitter, com o seu limite de 140 caracteres, como plataforma de publicação. Interessante. Se eu fosse um empresário muito atarefado, desses que passam o tempo todo voando de lá para cá, acharia ótimo ter os cem contos de Sem Contos Longos, primeiro livro de Wilson Gorj, em meu celular. Assim, poderia apreciá-los numa viagem de avião, por exemplo. Mas eu não sou empresário e não passo muito tempo em aviões, de modo que comecei a ler este livro da mesma maneira que leio qualquer livro, ou seja, sentado na poltrona. Ao longo da leitura, porém, fiz algumas descobertas. Por exemplo: descobri que os microcontos são ótimos para se ler em pé. Foi assim que li o conto 10 – o do casal que ainda estava pegando fogo na Quarta-Feira de Cinzas. Também li alguns contos no intervalo de uma partida de futebol, entre eles o conto 26 – o da mulher que estava sempre sorrindo até que, com o sorriso se apagando, foi removida do outdoor. Em quinze minutos, seria possível ler um bocado deles, já que são realmente curtinhos, mas o fato é que os contos do Gorj são como aqueles objetos muito peculiares que ficamos revirando obstinadamente na mão, a fim de examiná-los de diversos ângulos. Os efeitos que eles nos provocam são dos mais inusitados. O conto 2, por exemplo – o de alguém que vai deixando lágrimas pelo caminho até que uma formiga se afoga – nos obriga a dar uma espécie de zoom. Todos eles têm alguma sacada, alguma artimanha, algum trocadilho (o próprio título do livro já contém um trocadilho), de modo que a segunda leitura é sempre diferente do que a primeira.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Borges, Bono e a Ironia

Quando você estiver em Buenos Aires, vá até o bairro Palermo (para ser mais preciso, vá até Palermo Viejo) e procure uma rua que já se chamou Serrano, mas que hoje tem outro nome. Caminhe na direção do Jardim Zoológico e, na Rua Paraguai, vire à direita. Continue virando sempre à direita nas ruas Gurruchaga e Guatemala, avance uma quadra por esta última e vire novamente à direita. Assim, você voltará ao ponto de partida, ou seja, à antiga Rua Serrano, que atualmente se chama Rua Jorge Luis Borges, em homenagem ao grande escritor argentino, que passou a infância vivendo numa casa dessa rua... Quem acompanha o U2 há bastante tempo, como eu, certamente já se admirou com o fato de que as músicas, muitas vezes, demoram um bocado para chegar ao público. Os próprios integrantes do U2, além de produtores e outras pessoas ligadas à banda, costumam mencionar títulos e comentários acerca de possíveis faixas a serem lançadas no futuro. Esses rumores são arquivados em sites e blogs e, a partir desse material, os fãs fazem uma série de especulações sobre o (sempre tão aguardado) álbum que está por vir. Há músicas que surgiram nas sessões de How To Dismantle An Atomic Bomb, de 2004, que ainda não foram lançadas, como por exemplo a belíssima North Star, que já está sendo tocada ao vivo. Outra música “engavetada” há alguns anos é If I Could Live My Life Again, cuja letra, segundo Bono, foi inspirada num poema de Borges... 

sexta-feira, 11 de março de 2011

Resenha: Aparador de Quimera, de Zenilda Lua

Nas palavras de Fernando Pessoa “a memória é a consciência inserida no tempo”. Essa frase funcionaria muito bem como epígrafe para Aparador de Quimera, segundo livro de Zenilda Lua, que é nostálgico do começo ao fim. As cartas e bilhetes que aparecem nas primeiras páginas dão o tom. A seguir, a autora explica: “Esse livro nasceu de uma saudade presa e funda.” Os poemas têm versificação livre, alguns são minimalistas, seguindo o estilo de Alfazema (primeiro livro da Zenilda), e outros estão estruturados em estrofes, como Quimera 2001, que é um dos pontos altos do livro. Extremamente econômica na pontuação, criando locuções substantivas muito curiosas ("Agenda horário escassez / Pressa lentidão asneira"), Zenilda, neste poema, depois de fazer alusões à internet e às novas tecnologias, traz à tona uma enxurrada de imagens da infância, que culminam com a declaração “meu coração é de roça”. As frases têm uma beleza sonora impressionante (“Feito açude que desaba”, “Fina e seca do roçado”, “Castanha assada no tacho”, “Dócil, meiga, camarada”). Outro poema interessante (e muito enigmático) é Presságio, o penúltimo do livro. Aqui o tom reflexivo dá lugar a uma pequena narrativa (um sonho?), que parece se referir à intermitência (sobrenatural?) dos lampejos poéticos. Terminei o livro com uma nostalgia da minha própria infância e uma agradável sensação de que “quase tudo é lírico”. Lembrei-me que eu também já me correspondi através de cartas e lamentei havê-las perdido. O que salta à vista em Aparador de Quimera é a singularidade da autora, não apenas da sua história, mas também de suas influências, a literatura de cordel, o folclore nordestino... Que riqueza para a poesia joseense! Acho que em nossa cidade temos uma forte tradição oral, os nossos autores tendem à declamação, mas os poemas de Zenilda Lua requerem uma leitura recolhida (que é altamente recompensadora). Para visitar o blog da autora, clique aqui.

sábado, 5 de março de 2011

A proliferação dos pinguins

Por enquanto, são apenas catorze títulos (dez estrangeiros e quatro brasileiros), mas até o final de 2011, com dois lançamentos por mês, o catálogo da Penguin-Companhia das Letras já será bastante significativo. Pessoalmente, depois de adquirir Os Ensaios, de Michel de Montaigne, e Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, comecei a projetar uma nova prateleira para os muitos pinguins que certamente hão de vir. Para 2012, estão programados, por exemplo, os lançamentos de Ulisses, de James Joyce, e dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Os preços são satisfatórios. Paguei R$34,00 no Ensaios (que tem mais de 600 páginas) e R$20,80 no livro do Henry James. De modo que o leitor brasileiro que aprecia clássicos, que já contava com um ótimo catálogo da L&PM, poderá começar uma nova coleção de bons livros a preços acessíveis. O selo Penguin-Companhia das Letras nasceu em 2010 com a parceria entre a editora brasileira Companhia das Letras e a britânica Penguin Books, uma das maiores editoras do mundo, que já existe há 75 anos. O vídeo a seguir é uma pequena apresentação do projeto.