sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fantasticon 2011


Estive refletindo bastante sobre tudo o que vi e ouvi no Fantasticon 2011. A produção de Literatura Fantástica no Brasil é surpreendente: muitos autores, muitas novas publicações, muitos projetos, muita coisa bacana acontecendo. Muita gente ralando pra caramba, apesar de tantos obstáculos, com o objetivo de alavancar uma carreira literária aqui no Brasil. Isso é viável? Sim. É viável. Pode parecer excesso de otimismo, mas acho que o nosso país vive um grande momento para se fazer literatura.

sábado, 23 de julho de 2011

Entrevista com Réginaldo Poeta Gomes


Quem esteve no Centervale Shopping no mês passado deve ter se surpreendido com os belíssimos poemas que estavam expostos em algumas colunas. Eu e o meu amigo Marcelo Friggi tivemos a satisfação de entrevistar o autor desses textos numa agradável manhã de sábado. Além de falar sobre o Projeto Arte em Colunas, ele nos contou um pouco da sua trajetória literária e de seu processo criativo. Agradeço profundamente ao Réginado pela sua atenção, gentileza e confiança. Espero que gostem do vídeo! Para conhecer mais do trabalho do autor visitem o Blog do Réginaldo Poeta Gomes.

sábado, 9 de julho de 2011

Prazeres da Vida


Atriz: Lohany Ferro, da Cia de Teatro Tripoloucos;
Direção: Pablo Gonzalez;
Produção: Marcelo Friggi, Pablo Gonzalez e Vinícius Dias;
Edição: Pablo Gonzalez.

sábado, 11 de junho de 2011

IV Festival da Mantiqueira

A cada dia que passa, convenço-me mais e mais da qualidade da literatura joseense. Acho que o nosso carro-chefe continua sendo a poesia, mas a prosa está ganhando muita força. Outro fato que merece atenção, a meu ver, é o surgimento de autores incrivelmente jovens, que precisam ser encorajados e tratados com muito carinho. No pequeno documentário a seguir, coloquei trechos de todas as entrevistas que fiz no festival, com a ajuda de meu velho amigo Marcelo Friggi. Infelizmente não consegui entrevistar a todos, como gostaria, mas a nossa categoria foi muito bem representada. O Festival da Mantiqueira, embora seja organizado pelo Estado, acontece todos os anos em nossa casa, já que São Francisco Xavier é um distrito de São José dos Campos, e por isso devemos valorizá-lo muito, tornar a participação dos escritores joseenses cada vez mais relevante no evento como um todo, não por intermédio de ações políticas, mas com a nossa arte, com os nossos livros, com a nossa poesia, conquistando novos leitores e disseminando o prazer da leitura.

sábado, 14 de maio de 2011

On The Road, clássico de Jack Kerouac, chega finalmente ao cinema

Há pelo menos dois brasileiros com quem eu gostaria de conversar sobre Jack Kerouac. Eram três, mas um deles, o Roberto Piva, morreu no ano passado. Os outros dois são Walter Salles, que dirigiu o tão aguardado On The Road, que já está na pós-produção e deve ser lançado nos próximos meses, e Eduardo Bueno, o jornalista gaúcho que traduziu os meus dois livros preferidos do Kerouac: On The Road e Viajante Solitário. A adaptação cinematográfica de On The Road começou a ser ventilada pelo próprio Jack Kerouac, em 1957, que desejava ver Marlon Brando no papel de Dean Moriarty, mas a ideia não se concretizou. Em 1979, o cineasta americano Francis Ford Coppola comprou os direitos para fazer o filme. Vários projetos foram iniciados. No final dos anos 1990, dizia-se que o filme seria rodado com Brad Pitt e Ethan Hawke nos papéis principais e o próprio Coppola na direção, coisa que não aconteceu. Um pouco depois, nos anos 2000, surgiram novas especulações envolvendo os atores Colin Farrell e Billy Crudup e o diretor Joel Shumacher. Todos esses projetos fracassaram. Coppola estava insatisfeito. Queria muito produzir esse filme, mas ainda não tinha encontrado a pessoa certa para dirigi-lo. E foi então que, em 2004, ele assistiu Os Diários de Motocicleta, o magistral filme de Walter Salles que trata das andanças do jovem Che Guevara pela América do Sul. Na verdade, Walter Salles vem se especializando em Road Movies há algum tempo. Os personagens de Terra Estrangeira (1995) e Central do Brasil (1998) também são viajantes das estradas. Diante dessa filmografia, Francis Ford Coppola não teve dúvidas: contratou o diretor brasileiro. No vídeo a seguir, uma excelente matéria do programa Metrópolis, de 2010, Walter Salles fala sobre um documentário da Geração Beat, que ele estava finalizando, e sobre a expectativa de filmar On The Road.
O livro Na Estrada – O Cinema de Walter Salles, do jornalista Marcos Streeker, deve ser muito interessante, mas o título me pareceu uma grande insensatez, já que é um homônimo do livro do Kerouac, embora o título de algumas traduções brasileiras seja Pé Na Estrada. O elenco do filme traz Sam Riley (que recentemente interpretou o roqueiro Ian Curtis no filme Control) no papel de Sal Paradise (alter-ego de Jack Kerouac); Kristen Stewart (da saga Crepúsculo) como Mary Lou e Garrett Hedlund (Eragon, Tron) como Dean Moriarty. Os personagens secundários ficam com Kirsten Dunst (Homem-Aranha), Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis), Amy Adams (Prenda-me se For Capaz) e com a brasileira Alice Braga (Cidade de Deus), sobrinha de Sônia Braga.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Presente de valor inestimável


No começo do ano, postei aqui em meu blog um Roteiro para ler Dostoiévski, sugerindo uma sequência de leitura para que novos leitores conheçam a obra do grande mestre russo. O post obteve vários comentários, que agregaram muito valor ao roteiro, e, além dessa repercussão, recebi um email da minha querida amiga e concunhada Fernanda, que mora em Recife. Ela me falou um tanto enigmaticamente de uma coleção com as obras completas do Dostoiévski, que ela e a sua irmã Lu, a minha cunhada, ganharam de herança do pai. Nesse email, perguntou-me se eu estava interessado em algum dos volumes... Interessado? Eu? Há uma porção de contos e novelas do Dostoiévski que só podem ser encontrados, em português, nas Obras Completas, da Editora José Olympio, que conta com algumas traduções (indiretas) da Rachel de Queiroz e alguns prefácios do Otto Maria Carpeaux. É claro que eu estava interessado. No entanto, não tive coragem de escolher um volume. Em primeiro lugar porque não conseguia me decidir qual. Queria muito ler O Adolescente, um importante romance da fase madura do escritor, que recentemente foi lançado pela Editora Companhia das Letras, porém numa tradução não-integral, para a minha grande decepção. Também desejava muito ler histórias como O Sósia, A Mulher Alheia e O Homem Debaixo da Cama, O Sonho do Titio, Polzunkov, O Heroizinho, O Ladrão Honrado e A Árvore de Natal e Um Casamento, que estão distribuídos em diferentes tomos. Além dessa incapacidade de me decidir, achava inadequado desfalcar a coleção, sobretudo por se tratar de uma herança. Resultado: me dei bem! No começo de Abril, a Fernanda veio para São Paulo a fim de assistir ao show do U2, passando pelo Rio de Janeiro, e durante toda essa viagem ela carregou os 10 pesados volumes das Obras Completas de Dostoiévski numa caixa enorme. Que linda surpresa! Acabo de ler o prefácio de O Adolescente, de Ledo Ivo, que diz: “É como se o leitor, tornado numeroso, assistisse ao desfile de suas imagens potenciais. Todas as máscaras escondidas nos desvãos da psicologia se propõem ao seu rosto. Epopeia íntima, a obra de Dostoiévski se funda no conhecimento do homem”. Graças a este presente, tornei-me mais numeroso e ganhei acesso a novas imagens escondidas. Daqui a oito ou nove anos, quando eu terminar de ler e reler a sua obra, quem sabe não venha a ser um verdadeiro especialista em Dostoiévski? Fica aqui o meu profundo agradecimento à Fernanda. É bom ter amigos!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Na Mira dos Livros: Bienal do Livro de São José dos Campos de 2011





Os vídeos acima fazem parte da série Na Mira dos Livros, projeto do escritor paulistano Leandro Schulai, integrante da Revista Fantástica. Pessoalmente, embora não me enquadre no gênero fantástico, sou um grande apreciador da revista e ouvinte assíduo do podcast semanal Papo Fantástica. Acho que a presença deles na nossa Bienal agregou muito valor ao evento.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Retrospectiva da Bienal do Livro de São José dos Campos de 2011


Entre os dias 8 e 17 de Abril de 2011, milhares de pessoas foram ao Pavilhão Gaivotas, no Parque da Cidade, a fim de prestigiar a nossa feira de livros. Eu estive lá todos os dias. Conheci muita gente bacana, encontrei vários amigos, comprei uma porção de livros interessantes, vendi alguns dos meus, recebi conselhos valiosos da Regina Drummond, escutei ótimas palestras no espaço Papo de Autor, participei de um agradável bate-papo com os escritores do Grupo Novas Letras, enfim, vivi dias memoráveis que foram um grande estímulo para os meus projetos literários. O evento não foi perfeito, com certeza há muito o que corrigir e aperfeiçoar para a próxima edição, mas o saldo final me pareceu altamente positivo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Minhas novidades para a Bienal SJC

Nesta sexta terá início a Bienal do Livro de São José dos Campos de 2011. A solenidade de abertura está marcada para as 20 horas, de modo que a feira propriamente dita só começa no Sábado. De acordo com os organizadores, 70 mil estudantes do Vale do Paraíba já estão agendados para visitar o Pavilhão Gaivotas... A divulgação está sendo ótima. O cartaz da Bienal foi colocado em todos os ônibus de São José! Mas agora vamos às minhas novidades: ao longo do evento, estarei promovendo o meu terceiro livro, cujo título é O Banhado. O primeiro capítulo será distribuído gratuitamente em forma de livreto. Garanta o seu! 


segunda-feira, 28 de março de 2011

Lançamento: The Unreal Shore, de Ewerton Batista Duarte

Estou muito curioso para ler este livro. O Ewerton é um autor brasileiro, de São José dos Campos, que escreve em inglês. Ele morou nos EUA e já ganhou prêmios por lá. Vale a pena ir ao lançamento. O autor também estará na Bienal de São José dos Campos, no estande da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Resenha: Sem Contos Longos, de Wilson Gorj

Há algo de irresistível na micronarrativa, algo que a distingue das outras formas literárias. Muitas pessoas a associam ao ritmo de vida pós-moderno e às novas tecnologias, isso porque alguns microcontistas estão usando o twitter, com o seu limite de 140 caracteres, como plataforma de publicação. Interessante. Se eu fosse um empresário muito atarefado, desses que passam o tempo todo voando de lá para cá, acharia ótimo ter os cem contos de Sem Contos Longos, primeiro livro de Wilson Gorj, em meu celular. Assim, poderia apreciá-los numa viagem de avião, por exemplo. Mas eu não sou empresário e não passo muito tempo em aviões, de modo que comecei a ler este livro da mesma maneira que leio qualquer livro, ou seja, sentado na poltrona. Ao longo da leitura, porém, fiz algumas descobertas. Por exemplo: descobri que os microcontos são ótimos para se ler em pé. Foi assim que li o conto 10 – o do casal que ainda estava pegando fogo na Quarta-Feira de Cinzas. Também li alguns contos no intervalo de uma partida de futebol, entre eles o conto 26 – o da mulher que estava sempre sorrindo até que, com o sorriso se apagando, foi removida do outdoor. Em quinze minutos, seria possível ler um bocado deles, já que são realmente curtinhos, mas o fato é que os contos do Gorj são como aqueles objetos muito peculiares que ficamos revirando obstinadamente na mão, a fim de examiná-los de diversos ângulos. Os efeitos que eles nos provocam são dos mais inusitados. O conto 2, por exemplo – o de alguém que vai deixando lágrimas pelo caminho até que uma formiga se afoga – nos obriga a dar uma espécie de zoom. Todos eles têm alguma sacada, alguma artimanha, algum trocadilho (o próprio título do livro já contém um trocadilho), de modo que a segunda leitura é sempre diferente do que a primeira.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Borges, Bono e a Ironia

Quando você estiver em Buenos Aires, vá até o bairro Palermo (para ser mais preciso, vá até Palermo Viejo) e procure uma rua que já se chamou Serrano, mas que hoje tem outro nome. Caminhe na direção do Jardim Zoológico e, na Rua Paraguai, vire à direita. Continue virando sempre à direita nas ruas Gurruchaga e Guatemala, avance uma quadra por esta última e vire novamente à direita. Assim, você voltará ao ponto de partida, ou seja, à antiga Rua Serrano, que atualmente se chama Rua Jorge Luis Borges, em homenagem ao grande escritor argentino, que passou a infância vivendo numa casa dessa rua... Quem acompanha o U2 há bastante tempo, como eu, certamente já se admirou com o fato de que as músicas, muitas vezes, demoram um bocado para chegar ao público. Os próprios integrantes do U2, além de produtores e outras pessoas ligadas à banda, costumam mencionar títulos e comentários acerca de possíveis faixas a serem lançadas no futuro. Esses rumores são arquivados em sites e blogs e, a partir desse material, os fãs fazem uma série de especulações sobre o (sempre tão aguardado) álbum que está por vir. Há músicas que surgiram nas sessões de How To Dismantle An Atomic Bomb, de 2004, que ainda não foram lançadas, como por exemplo a belíssima North Star, que já está sendo tocada ao vivo. Outra música “engavetada” há alguns anos é If I Could Live My Life Again, cuja letra, segundo Bono, foi inspirada num poema de Borges... 

sexta-feira, 11 de março de 2011

Resenha: Aparador de Quimera, de Zenilda Lua

Nas palavras de Fernando Pessoa “a memória é a consciência inserida no tempo”. Essa frase funcionaria muito bem como epígrafe para Aparador de Quimera, segundo livro de Zenilda Lua, que é nostálgico do começo ao fim. As cartas e bilhetes que aparecem nas primeiras páginas dão o tom. A seguir, a autora explica: “Esse livro nasceu de uma saudade presa e funda.” Os poemas têm versificação livre, alguns são minimalistas, seguindo o estilo de Alfazema (primeiro livro da Zenilda), e outros estão estruturados em estrofes, como Quimera 2001, que é um dos pontos altos do livro. Extremamente econômica na pontuação, criando locuções substantivas muito curiosas ("Agenda horário escassez / Pressa lentidão asneira"), Zenilda, neste poema, depois de fazer alusões à internet e às novas tecnologias, traz à tona uma enxurrada de imagens da infância, que culminam com a declaração “meu coração é de roça”. As frases têm uma beleza sonora impressionante (“Feito açude que desaba”, “Fina e seca do roçado”, “Castanha assada no tacho”, “Dócil, meiga, camarada”). Outro poema interessante (e muito enigmático) é Presságio, o penúltimo do livro. Aqui o tom reflexivo dá lugar a uma pequena narrativa (um sonho?), que parece se referir à intermitência (sobrenatural?) dos lampejos poéticos. Terminei o livro com uma nostalgia da minha própria infância e uma agradável sensação de que “quase tudo é lírico”. Lembrei-me que eu também já me correspondi através de cartas e lamentei havê-las perdido. O que salta à vista em Aparador de Quimera é a singularidade da autora, não apenas da sua história, mas também de suas influências, a literatura de cordel, o folclore nordestino... Que riqueza para a poesia joseense! Acho que em nossa cidade temos uma forte tradição oral, os nossos autores tendem à declamação, mas os poemas de Zenilda Lua requerem uma leitura recolhida (que é altamente recompensadora). Para visitar o blog da autora, clique aqui.

sábado, 5 de março de 2011

A proliferação dos pinguins

Por enquanto, são apenas catorze títulos (dez estrangeiros e quatro brasileiros), mas até o final de 2011, com dois lançamentos por mês, o catálogo da Penguin-Companhia das Letras já será bastante significativo. Pessoalmente, depois de adquirir Os Ensaios, de Michel de Montaigne, e Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, comecei a projetar uma nova prateleira para os muitos pinguins que certamente hão de vir. Para 2012, estão programados, por exemplo, os lançamentos de Ulisses, de James Joyce, e dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust. Os preços são satisfatórios. Paguei R$34,00 no Ensaios (que tem mais de 600 páginas) e R$20,80 no livro do Henry James. De modo que o leitor brasileiro que aprecia clássicos, que já contava com um ótimo catálogo da L&PM, poderá começar uma nova coleção de bons livros a preços acessíveis. O selo Penguin-Companhia das Letras nasceu em 2010 com a parceria entre a editora brasileira Companhia das Letras e a britânica Penguin Books, uma das maiores editoras do mundo, que já existe há 75 anos. O vídeo a seguir é uma pequena apresentação do projeto.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um roteiro para ler Dostoiévski

Tive a ideia de elaborar este roteiro ao constatar o seguinte fenômeno: muitas pessoas que se lançam na obra de Dostoiévski escolhem, como primeira leitura, Crime e Castigo ou Os Irmãos Karamázov, por serem os livros mais comentados do autor, e uma grande parte destes leitores, talvez a maioria, abandona o livro, sobretudo os que começam por Os Irmãos Karamázov. Além disso, há o problema das traduções. Embora Dostoiévski já tenha encantado milhares de leitores brasileiros no século passado, somente de uns anos para cá, com as traduções feitas diretamente do russo, estamos tendo acesso a textos mais fiéis ao verdadeiro Dostoiévski. De modo geral, a linguagem de Dostoiévski não é difícil; pelo contrário, é acessível e proporciona uma leitura rápida, mas há elementos que podem causar uma falsa impressão de densidade, como, por exemplo, os nomes russos, com os seus patronímicos, as variações e as numerosas consoantes, os diálogos quilométricos (com frequência os personagens de Dostoiévski falam “como se estivessem lendo um livro”), as digressões, os devaneios, os circunlóquios e os excessos (esses excessos são importantes do ponto de vista estilístico).